terça-feira, março 13, 2012

Fechamento

Muito bem. Muito tempo se passou desde o último post e o post anterior a este.

O fato é a consequência do que o tempo vinha mostrando: não tenho mais vida pro Chaos III.
Hahahhahaha, pois é, tô encerrando essa bodega.

O fato na verdade é um só. Desde a morte do meu amigo mencionado no post abaixo, perdi um bocado do meu tesão por escrita e, principalmente, por este blog. Porque ele era parte integrante disso aqui tanto quanto eu. E era a tal ponto que se não vai ter mais ele, então não tem motivo de ter mais blog. Simples assim.
Me recuso a fazer um post nisso aqui sobre os assuntos de sempre porque eu sei que não vai haver a réplica de sempre, e o pior de tudo é que eu vou esperar essa réplica. Que, no fundo, meu inconsciente já se acostumou tanto com a ideia de ter uma réplica que mesmo eu racionalmente sabendo que ela não venha, ainda vou esperar por ela e me frustrar por sua ausência.

Contudo, não vou excluir o blog, ele vai continuar a existir aqui, nesse sítio. Só não vou atualizar ou coisa parecida. E nada de Chaos IV, também.


Sobre a escrita, ainda que eu queira ou tenha perdido o tesão, descobri algo interessante.
Passei um bom tempo na casa dos meus pais esse último carnaval. E, ainda meio mexido com toda essa história, acabei me vendo acordado em claro uma noite. Então levantei e fui remexer nas minhas coisas.
Até que eu descubro um caderno do Garfield, que eu usei como diário na minha infância. O primeiro registro é datado de setembro de 98. Minha letra garranchada, minha ortografia risível e meus resumos do meu dia que se condensavam em falar o que eu comi pro café da manhã, almoço, janta e com quem eu brinquei naquele dia. Fora os desenhos feiosos aqui e ali.
Foi aí que eu percebi: eu escrevia muito antes disso.
Eu tenho essa necessidade mais do que dentro de mim. Independentemente do produto final, eu simplesmente preciso escrever. Preciso registrar coisas em palavras, independentemente se o que eu escrevo é certo, bem escrito, com letras bonitas ou o conteúdo é relevante. Não importa. Eu tenho essa necessidade. Desde meus 8 anos, segundo registros documentais.
E, bem no fundo, não importa, inclusive, se vai ser lido por alguém ou não.
É esse blog que tinha a essencialidade da réplica, não toda essa história.

Enfim, este é um post de fechamento. É uma pena que este blog não veja o fim dos meus trabalhos, mas, como eu descobri nesses últimos tempos, não é um "que pena que acabou", mas um "ainda bem que aconteceu". Não é porque o fim não é aquele que qualquer um desejava que o início e o meio não valham a pena. Por isso não me arrependo em nenhum momento, de ter gasto o tempo e o esforço que eu gastei com esse blog (que acreditem, é mais do que parece).




Obrigado Juxtaposed Chaos III por ter sido tudo o que você foi.

Bom dia.
Boa tarde.
Boa noite.

Boa sorte.

sexta-feira, janeiro 27, 2012

Despedida

Série de Werdil: 960 páginas (tirando tudo o que foi apagado/reescrito)
Elementals: 313 páginas
Série de Aeternia: 991 páginas (novamente tirando o que foi cortado/editado/reescrito)
Posts em Juxtaposed Chaos III: 100 (tirando atualizações)

Poucos dias atrás, um grande amigo foi encontrado no escritório de sua casa por sua mãe. Tinha se enforcado, com direito a mãos presas às costas. Um grande amigo, que conheço desde a quinta série do ensino fundamental. Que me acompanhou durante os anos de ginásio e colégio. Que compartilhou uma sala de inglês duas vezes por semana. Que dividiu quarto comigo durante nossa excursão em Ouro Preto. Que continuou mantendo contato mesmo depois do colégio, em tempos de faculdade.

Esse amigo leu todas as 2264 páginas mencionadas. Comentou em todas as postagens mencionadas. Ofereceu críticas, elogios e mudanças em cada passagem. Escrever me é algo tão essencial quanto fundamental. É como eu me identifico e do que me orgulho, independentemente da qualidade da escrita ou enredo. E ele esteve comigo durante todo esse tempo. Em nenhum momento se incomodou e nunca me desencorajou.
E agora não vai mais fazer isso.

Nesses últimos dias ouvi coisas que não queria ouvir sobre ele. Tive que responder perguntas pesadas de amigos e familiares. Enxuguei tanto o rosto que esfolei a região inferior dos olhos. Mas isso não foi o mais doloroso.
O mais doloroso foi não ter impedido isso de acontecer. Foi ficar sem saber o motivo, sem saber que as coisas estavam chegando a esse ponto. Foi ter que ver o pouco que sobrou de um rosto que costumava conhecer. Ver um corpo que nunca mais vai escrever com as letras pequenas, nunca mais vai fazer piadas ruins, nunca mais vai comentar, ler e ouvir cada e todo assunto dos amigos, nunca mais vai repreender brincadeiras ruins, nunca mais vai pular ou chutar o ar praticando sua arte marcial ou rir jogando qualquer coisa.
E não tem nada que se possa fazer a esse respeito a não ser soluçar.

Morrer é um verbo intransitivo. Morre-se porque morre-se. Mas suicidar-se não. Suicidar-se precisa de motivo, causa e direção. Suicídio é a morte com um motivo.
Minha fé não é grande o suficiente pra falar que ele está num lugar melhor, ou em qualquer lugar em especial. Minha fé apenas é o bastante para me fazer acreditar que finalmente o que estava doendo agora não está mais.  
Por isso, o medo que ficou foi enorme. Porque acabo de descobrir que existe uma dor que leva alguém tão sóbrio, racional e sensato quanto esse meu amigo a precisar tirar a própria vida para fazê-la parar. Essa dor precisou ser tamanha a esse ponto. Precisou atingir níveis tão extremos que a única maneira de estancá-la foi se privar de todo o resto.

Velório e enterro são coisas sinistras. Coloca-se um véu finíssimo e transparente sobre o corpo exposto. Um véu tão insignificante mas claramente sufocante, que só está ali para lembrar que ele não vai se incomodar ou sufocar porque não mais respira.
Tampa-se um caixão pesado, coloca-se dentro de uma tumba e veda-se com cimento, sem meios de escapar. Apenas para lembrar que ele não vai precisar escapar porque não mais se mexe.
Precisa ser carregado porque não mais anda. Precisa ser vestido porque não mais se traja. Precisa ser coberto porque não mais dorme.
São duas cerimônias inteiras destinadas a que todos se despeçam e digam as últimas palavras, mas na verdade servem bem mais a mostrar que ele não mais está ali, pertence a ali ou se encontra em qualquer lugar que possa escutar os adeuses.

Ele figuraria nas dedicatórias dos meus livros. Agora figurará não mais com um "obrigado a", mas com um tão pesado "em memória a".

Você nunca será esquecido, meu amigo. Obrigado por tudo.

E, como colocamos em nossa mensagem: boa noite e boa sorte.