segunda-feira, maio 05, 2008

Capítulo 1

Spoiler Warning!

Bem, agora que eu finalmente consegui deixar Aeternia e Elementals no mesmo pé em número de capítulos, posso fazer esses posts, que tinha em mente fazia um bom tempo. Deve dar algo longo também, mas bem, bear with it =)

Tem certas perguntas que ainda ficam mal respondidas e certas maneiras que eu adoto para escrever que os capítulos podem acabar deixando para trás, ou meramente detalhes ou curiosidades as quais esse blog pode vir a calhar nestas situações. Então, antes de separar e comentar individualmente o primeiro capítulo de cada um dos livros, vou fazer a abrangência dos dois como um todo, algo um pouco mais subjetivo.

Eu reparei que eu tenho um estilo de escrita um pouco diferente da minha própria personalidade. Eu não costumo ser tão formal ou extravasar tanta seriedade na vida real, mas nenhum das duas obras possuem um grau muito grande de informalidade ou são remotamente engraçados. Outra coisa curiosa é o meu gosto talvez exagerado por deixar coisas soltas no ar, talvez até mesmo por tempo demais, para só respondê-las de uma vez só, num capítulo reservado para revelações desse tipo. Eu não costumo a ficar soltando respostas parciais ou deixar pistas para diversas teorias. Claro, eu tô falando dos mistérios pouco relevantes, os mais major spoilers estão sendo trazidos o tempo inteiro XP

O capítulo 1 dos livros, ao meu ver, serve para lançar as perguntas mais importantes, ou colocar o leitor no eixo da história, conhecer um pouco os personagens que ele vai ter que se acostumar e mostrar o mundo no qual ele vive. Eu gosto de perder um tempo que eu geralmente não perco no meio da história com descrições longas e pensamentos pouco importantes só para que o leitor consiga ter um contato mais direto com o personagem. Eles estão se apresentando, falando "oi, tudo bem?", tímidos no começo, mas depois vão se abrindo mais e mais.
Eu não sou bom em introduções. Odeio começar um história, formá-la em minha cabeça e gastar tempo viajando em cima de alguns rascunhos. Odeio fazer planejamentos e escrever qualquer besteira nos meus livros e planejar capítulos dos livros. Aeternia mesmo foi um massacre interno pra eu conseguir montar os 18 capítulos do primeiro livro. Então a introdução é algo que eu quero tomar meu tempo fazendo, devagar e dolorosamente. É quase como dobrar um lençol cuidadosamente >XDD

Em outras palavras, o primeiro capítulo tem grande importância pra mim. E eu apago mesmo se alguma coisa não estiver correta. Eu tinha o péssimo hábito em Werdil em fazer "prólogos", aquilo só piorou a situação. Um pequeno resquício migrou para Elementals sob forma de "introdução", mas a justificativa vai ser dada mais adiante.
Além de grande importância, eu não sinto compromisso nenhum em responder perguntas nele. Eu me importo com quais perguntas serão feitas e as respostas ficam para depois. Eu abro o leque no começo, pode ficar enormemente vago, mas é assim que é melhor. O leitor vai querer saber pra onde eu vou levar a história, do que ela vai se tratar e vai pedir pra eu organizar tudo aquilo mais tarde, e é o que eu planejo fazer...

Como Elementals sempre fica sombreado por Aeternia, vou começar por ele, tadinho XD

Elementals: capítulo 1 e introdução (Criaturas do Fogo)
Muito bem. Elementals não tem um começo certo. Ele joga o leitor no meio da coisa e ele que se vire para absorver o que tá acontecendo em volta dele. E está acontecendo bem rápido. É um estilo novo que eu resolvi experimentar... claro que não é o mais ousado pelas minha limitações, mas eu queria give it a shot.
Por isso mesmo eu dou uma ajudinha pro leitor e faço uma pequena introdução de 4 páginas para que ele tenha uma breve olhada no time 1, ele só precisa entender, por hora, que Rashel age com uma criança e seria o mais forte deles, Perk seria o mais equilibrado e teria um fuchi pouco definido ainda e que Tolil começa bem calado e resmungão, ademias, tem alguém que fazia parte deles mas que morreu.
Depois de uma breve passada, a história já começa no meio de um deserto e os demais times aparecem, mas ainda não recebem muito destaque.
Aprendemos que Tolil possui um irmão gêmeo, mas não sabemos o motivo da rixa dos dois, que demorará a ser explicada. É bem colocado os poderes individuais deles e mostrado o estado de um mundo completamente destruído e repleto de monstros.

O leitor não precisa entender ainda o motivo pelo qual eles estão caminhando para selar os portais, apenas que isso salvará o mundo, o que será um assunto corrente durante toda a trama, mas também que nenhum dos três realmente está lá porque concordam com essa premissa ou que possuam uma alma nobre.
Por ser um ambiente bastante tedioso e com poucas possibilidades de aproveitamento, eu já andei bastante com a história e os jogo na frente do portal da terra. O elitor ainda não compreende o motivo pelo qual os demais times não estão ali, mas aquilo será tratado mais a frente, ao seu tempo, quando ele já estiver bem mais inserido no contexto do livro.


Geração: capítulo 1 (Mudanças)
Começamos percebendo Luís como um estudante pouco interessado na aula presente, e que também ele não é lá muito aplicado. O cenário aqui tem uma descrição mais lenta e detalhada, mas esse sim é um primeiro capítulo realmente com o objetivo de introduzir o leitor.
Tanto que ele não é acertado pela enxurrada de personagens do livro, mas conhece bem dois bem importantes para a trama: um estudante bastante mediano e um ser completamente estranho que acabou por estar no meio da quadra.
Retratar Konolos como uma mulher num primeiro momento é uma maneira de tentar aproximar o sage da visão mais real que Luís ainda estava atrelado. Num primeiro momento, a conversa dos dois é bastante estranha e Konolos parece se divertir em bombardear o pobre estudante com suas perguntas de filosofia popular. Sentido da vida e tals.

A conversa é usada principalmente para caracterizar Konolos e Luís, e situar o leitor. Ele passa a descobrir que a história se passa no Brasil da ditadura, em algum lugar dos anos 70. Ao longo da conversa que parece ir se destrinchando pouco a pouco, Luís entende que Konolos é muito mais estranho do que ele pensava. Toda a conversa de destruição do mundo foi cuidadosamente colocada para chocar e ser absorvida lentamente durante a conversa deles. Pode reparar, é difícil uma conversa em qualquer dos meus textos durar onze páginas.
Eu exagero um pouco na personalidade teimosa e ao mesmo tempo gentil de Konolos e seus "desimportante"s, mas num primeiro momento, quero retratá-lo como alguém bastante humano, ainda que possua um quê que o diferencia dos demais. Alguém humano e incapaz de machucar os outros (o choque dele numa luta será bem grande hehehe).

Nesse capítulo são lançados uma infinidade de perguntas. O sentido da vida, quem seriam os demais humanos que eles escolheram, qual o critério, como será o novo mundo e tudo mais. Mas são três perguntas que eu tentei ressaltar bastante:
1. Quem é ou o que é Konolos.
2. Por que chamar o neto de Luís de Matheus.
3. O que é realmente importante.
É uma dessas três dúvidas que eu quero que o leitor tenha se resolver virar a página onze e prosseguir para o capítulo 2.

Curiosidade: o capítulo 1 original do livro tinha umas 34 páginas e estava longe de ser concluído. Eu tinha começado pela parte mais dolorida da escrita de Aeternia: as lutas do torneio. Imagine aquela sempre presente dezena de lutas chatas que infestam todos os capítulos de uma vez só, uma atrás da outra, todas tentando encontrar um sentido e apresentar um personagem diferente de uma só vez. Horrível, não? Doeu deletar tudo, mas valeu a pena =)


Devassa: capítulo 1 (Alterações)
Em primeiro lugar, o importante é reparar num paralelismo legal que eu joguei entre os nomes dos capítulos. Mudanças no primeiro livro e Alterações no segundo. Com isso dá pra imaginar o que teremos no próximo, né? =)

Depois eu escolhi por gastar mais um tempinho com a Olga antes de enfiar Kimiga logo no meio da confusão. Primeiro porque ela é uma personagem mais complicada de se lidar, por conta da mudança de personalidade e também porque eu tinha que passar em apenas parte do capítulo o preconceito que ela sofria, já que a humanidade inteira desaparecia em seguida.
E também mostrar que a vida dela não era tão calma quanto a de Leon. Claro, falar que a vida de alguém sob uma ditadura é calma é meio sacanagem da minha parte, mas a Olga passava por problemas mais próximos a ela.

E depois Kimiga. Depois de um livro inteiro, nunca tinha dado atenção devida ao sage da Beleza, então precisava criar uma atmosfera parecida e diferente da de Konolos. Ele tinha que parecer com um humano inumano, mas particularmente diferente do que o Konolos fazia.

Em muitos sentidos a conversa de Olga com Kimiga difere da conversa de Konolos com Luís. Primeiro que já tem um livro inteiro atrás de mim, então não queria repetir a mesma babaquice de antes, mas Kimiga é muito mais fácil de trabalhar que Konolos. Ele é mais gentil e bem menos misterioso, então eu pude revelar algumas coisas com facilidade, e dar uma aprofundada do tema central da tarefa, coisa que fatalmente não vai acontecer com Kodahi, já que ele é mais fechado.

Dessa vez eu não estou preocupado em lançar perguntas, mas em centrar na personalidade dos dois e na proposta de Kimiga. O visual do sage e seu gosto pela culinária foram duas coisas que surgiram do nada enquanto eu escrevia XDD
Por algum motivo, ele lembra muito o jeito da Tohru de falar o__o/

Uma curiosidade idiota: o espaço com a mesa de pedra branca e as cadeiras realmente existe. É uma mesinha e duas cadeiras que ficam na casa de um dos meus parentes. Fica no meio do mato, numa chácara. É muito estranho como parece ficar no meio do nada, meio que esperando pra ser ticado num joguinho de "quem não pertence ao grupo". Quando tava buscando algo pro Kimiga, a mesinha e as cadeiras vieram a minha mente instantaneamente XDD

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Anotações do Nícolas refentes ao capítulo 1:

Elementals:
1. Matim: - revolta

Geração:
Capítulo 1: Mudanças (quadradinho ticado)
- Começo do fim
- Conversa inicial de Konolos
- Destruição da Terra
- Promessa perdida.

Devassa:
- História de Stier e Kimiga: centro de escavação
- Desacreditamento na humanidade - bitterness (eu sei que a palavra não existe, shut up! XD)
- Pedido de Kimiga para que ela seja mais tolerante
[concluído 8-11-2008]

2 comentários:

Diogo disse...

Sei não, tudo bem que a situação tratada influencia bastante o jeito como você escreve (e Aeternia e Elementals estão cheio de situações sérias), mas acho que a sua maneira de escrever não é tão pomposa ou sisuda assim. Esse seu costume de fazer suspense é bem no estilo Clamp, chega até a ser irritante. :P

A introdução de personagens é bem legal - você mostra as características mais óbvias dos personagens, deixando as menos superficiais para serem mostradas ao longo da história. Só achei que a explicação da plot de Elementals demorou demais para ser mostrada, e não era exatamente um mistério...
Todo mundo sabe que voce reescreve o início dos livros várias vezes. Você disse que tinha escrito 3 começos de livro antes de Werdil... mas eu acho que você gosta de ter idéias sobre um livro, mas não de organizá-las e criar um roteiro para o escrito.

Eu achava que os prólogos de Werdil eram bem bacanas. Dava espaço para você comentar certas passagens, o que achou do desenrolar da história, contar curiosidades interessantes, falar um pouco mais sobre algumas passagens que não ficaram muito claras. Para mim, era um contato leitor-autor bem legal, assim como aqueles extintos comentários que você colocava no Word. *saudades* TT

Hum... eu não me senti muito confuso no começo de Elementals, mas isso era porque eu já tinha uma idéia de como seria, você já tinha comentado um bocado sobre ele. Eu até gosto desse jeito de jogar o leitor no meio da ação, só acho que você exagerou um pouco no começo em tentar surpreender com coisas novas, como técnicas ou itens (as pedras de fuchi, por exemplo).

Diogo disse...

As primeiras lutas até que foram bem rápidas, não? Se bem que geralmente, acontece assim. A duração das lutas cresce com o passar da história. Só Shaman King que faz praticamente o inverso. XP

Esse motivo demora para ser contado, aliás...
Oh! Um fast-forward de partes monótonas! Que conveniente!

A personalidade do Luís não é descrita formalmente, eu acho isso interessante, dá mais liberdade para o leitor interpretar o caráter da personagem.
Lendo de novo esta parte, depois de ter lido até capítulos mais novos, eu achei que o Leon tem um conhecimento filosófico bem legal, só que não deve estar acostumado a debater ou conversar sobre isso. Mas, mesmo assim, eu imagino que ele se sairia "melhor" do que se saiu, até porque é difícil imaginar que ninguém mais reagiu como ele à conversa com o sage.

Começar o livro com uma conversa daquelas talvez desencorajasse um leitor menos paciente e que não tivesse conhecimento de como seria Aeternia. Eu achei que algumas coisas, como o lance co contexto histórico, não ficariam tão claras para alguém que não prestasse muita atenção.
Mudando de assunto, eu fico imaginando que tipo de contatos os outros tiveram com os sages... eu queria ler a conversa da Stier, deve ser bem interessante, afinal, parece que ela se dava relativamente bem com seu sage.

Eu acho que você não deletou, não... seria muita perda de tempo apagar tudo, eu acho que você deixou-nos como fonte de inspiração quando você fosse escrever as lutas em cap. posteriores. ô_ô